(retirado de página de António Gomes de Almeida)
Desde que existe Rádio, existem programas de “discos pedidos”. Talvez o mais conhecido tenha sido o “Quando o Telefone Toca”, que durou anos e anos. O Matos Maia (sim, esse mesmo, o dos “Marcianos”) apresentou-o durante algum tempo. Mas também foi comandado por outro homem da Rádio, da mesma época, o Joaquim Pedro, que estava às vezes tão farto do programa que a voz lhe saía no tom mais chateado que se possa imaginar, só lhe faltando dizer: “Sim, pode ouvir a Mula da Cooperativa, sim, pode dizer o seu nome, sim, pode dedicar o disco à sua prima…e pronto, não me aborreça…) Isto na Renascença… Mas o programa de discos pedidos mais antigo de que me lembro era no Rádio Graça, e o seu título era: “Disso é que eu gosto”… O indicativo sonoro era uma musiquinha da Carmen Miranda, da qual era passada uma quadra, que ela cantava assim: “Eu não frequento musical e chá dançante / Futebol não me interessa / Nas corridas não aposto / Mas uma casa com varanda na Tijuca / Isso sim, fico maluca / Disso é que eu gosto!”… Lembro-me de que, a mim, que ainda era miúdo nessa altura, me fazia uma certa confusão a maneira “brasileira” como era cantado aquele verso, que me soava assim: “MAIS uma casa com varanda…” O “Brasilês” era ainda um pouco estranho para nós, e eu demorei a perceber que eles não dizem “MAS”, dizem (e cantam) assim, “MAIS”… Anos mais tarde, com as novelas, passámos todos a entendê-los melhor!… Mais… perdão, MAS o “Disso é que eu gosto” ficou-me sempre no ouvido!

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Rogério Santos (5 de Março de 2021). Discos pedidos. HISTÓRIA DA RÁDIO EM PORTUGAL. Recuperado em 20 de Abril de 2025 de https://doi.org/10.58079/t7sf